Aracaju – SE, outubro de 2007
FESTA DO CARRO DE BOIS
TOMAR DO GERU – SERGIPE
O transporte que retrata a história do Brasil - Colônia é celebrado com festa anual em Tomar do Geru desde 1990. E este ano, o evento completou 18 anos. A princípio, sabemos que o uso do carro de bois é uma tradição de séculos, seja por sua importância econômica, seja por sua utilidade como transporte ou por sua função nos diversos aspectos da vida cotidiana do sertanejo e do agricultor brasileiros.
TOMAR DO GERU – SERGIPE
O transporte que retrata a história do Brasil - Colônia é celebrado com festa anual em Tomar do Geru desde 1990. E este ano, o evento completou 18 anos. A princípio, sabemos que o uso do carro de bois é uma tradição de séculos, seja por sua importância econômica, seja por sua utilidade como transporte ou por sua função nos diversos aspectos da vida cotidiana do sertanejo e do agricultor brasileiros.
Em Sergipe, não foi e não é diferente do restante do Brasil. Apesar de ser uma tradição “inventada” ( isso pode até ser uma redundância), a festa do carro de bois de Geru se apresenta de grande relevância cultural, por destinar um festejo que tem como o principal elemento do patrimônio cultural o carro de bois. Além de ser, é claro, uma articulação de forças e de representações sociais em cima da vida de quem ainda hoje utiliza este “meio de vida”.
Durante o cortejo que aconteceu no último dia 30 de setembro, ao passear pela quilométrica fila de carro de bois na qual participaram mais de 130 carros, percebemos a participação ativa de sertanejos, pequenos agricultores e fazendeiros provindos de diversos outros municípios do Estado. Entre eles, destaca-se a grande participação dos municípios de: Riachão do Dantas e Itabaina.
O cortejo de carros segue até o palco principal, que é montado em uma das praças da cidade. Durante o “desfile”, os “carreiros” ( quem “dirige” o carro em cima da mesa do carro), os “chamadores” ( quem orienta o caminho do carro de boi ou freia quando preciso) e familiares, são apresentados publicamente ao som da viola. E o que é mais interessante, os bois pertencentes aos carros são apresentados nos seus atributos físicos, e, apresentados por seus respectivos nomes.
Os nomes dos bois ou dos pares de bois, já que o carro de bois geralmente se compõe de pares (juntas), apresentam-se de forma poética e rimada. Alguns carreiros conseguem até fechar frases com os nomes de seus bois. Aspecto este, que demonstra a capacidade poética do sertanejo sergipano.
Apesar de incipiente, a festa apresenta grande potencial turístico e cultural. Nos arredores da praça principal do cortejo dos carros, inúmeras barracas de alimentação e bebidas são encontradas. Famílias inteiras saem de suas casas pra acompanhar o cortejo e a apresentação dos carreiros. E inúmeras pessoas se deslocam de outros municípios com seus carros de bois, para exibi-los e participar da festa. Em numero menor, barracas contendo artesanato local completam o quadro de difusão e produção cultural.
Em suma, a festa do carro de bois em Tomar do Geru carece de um estudo mais aprofundado, aspectos sobre as motivações econômicas, culturais e políticas, que movem os participantes desta festa, precisam ser estudados dentro de uma perspectiva histórico-cultural. As diferenças na produção de cultura, e das representações específicas dos carreiros sergipanos em relação ao restante do país, precisam ser estudas a fim de percebermos e conhecemos de forma mais apropriada, os caminhos históricos de nossa cultura Sergipana.
Sem mais!
Vaneide Dias de Oliveira
Estudante de História da Universidade Federal de Sergipe
Criadora do blog e aluna na disciplina História de Sergipe II
Um comentário:
Em tempos em que que a tecnologia evolui de forma incessante e a distancia quase não mais interfere na comunicação, O uso do carro-de-boi nos parece defasado, mas se ele resiste obviamente é porque ainda atende a necessidade da população que utiliza.
Como vc afirma é necessário um estudo mais aprofundado do assunto para discorrer sobre as relações que possibilitam essa resistência ao tempo.
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