quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Considerações sobre a Festa do Carro de Bois - Vaneide Dias

Aracaju – SE, outubro de 2007
FESTA DO CARRO DE BOIS
TOMAR DO GERU – SERGIPE

O transporte que retrata a história do Brasil - Colônia é celebrado com festa anual em Tomar do Geru desde 1990. E este ano, o evento completou 18 anos. A princípio, sabemos que o uso do carro de bois é uma tradição de séculos, seja por sua importância econômica, seja por sua utilidade como transporte ou por sua função nos diversos aspectos da vida cotidiana do sertanejo e do agricultor brasileiros.

Em Sergipe, não foi e não é diferente do restante do Brasil. Apesar de ser uma tradição “inventada” ( isso pode até ser uma redundância), a festa do carro de bois de Geru se apresenta de grande relevância cultural, por destinar um festejo que tem como o principal elemento do patrimônio cultural o carro de bois. Além de ser, é claro, uma articulação de forças e de representações sociais em cima da vida de quem ainda hoje utiliza este “meio de vida”.

Durante o cortejo que aconteceu no último dia 30 de setembro, ao passear pela quilométrica fila de carro de bois na qual participaram mais de 130 carros, percebemos a participação ativa de sertanejos, pequenos agricultores e fazendeiros provindos de diversos outros municípios do Estado. Entre eles, destaca-se a grande participação dos municípios de: Riachão do Dantas e Itabaina.
O cortejo de carros segue até o palco principal, que é montado em uma das praças da cidade. Durante o “desfile”, os “carreiros” ( quem “dirige” o carro em cima da mesa do carro), os “chamadores” ( quem orienta o caminho do carro de boi ou freia quando preciso) e familiares, são apresentados publicamente ao som da viola. E o que é mais interessante, os bois pertencentes aos carros são apresentados nos seus atributos físicos, e, apresentados por seus respectivos nomes.
Os nomes dos bois ou dos pares de bois, já que o carro de bois geralmente se compõe de pares (juntas), apresentam-se de forma poética e rimada. Alguns carreiros conseguem até fechar frases com os nomes de seus bois. Aspecto este, que demonstra a capacidade poética do sertanejo sergipano.

Apesar de incipiente, a festa apresenta grande potencial turístico e cultural. Nos arredores da praça principal do cortejo dos carros, inúmeras barracas de alimentação e bebidas são encontradas. Famílias inteiras saem de suas casas pra acompanhar o cortejo e a apresentação dos carreiros. E inúmeras pessoas se deslocam de outros municípios com seus carros de bois, para exibi-los e participar da festa. Em numero menor, barracas contendo artesanato local completam o quadro de difusão e produção cultural.

Em suma, a festa do carro de bois em Tomar do Geru carece de um estudo mais aprofundado, aspectos sobre as motivações econômicas, culturais e políticas, que movem os participantes desta festa, precisam ser estudados dentro de uma perspectiva histórico-cultural. As diferenças na produção de cultura, e das representações específicas dos carreiros sergipanos em relação ao restante do país, precisam ser estudas a fim de percebermos e conhecemos de forma mais apropriada, os caminhos históricos de nossa cultura Sergipana.
Sem mais!

Vaneide Dias de Oliveira
Estudante de História da Universidade Federal de Sergipe
Criadora do blog e aluna na disciplina História de Sergipe II

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A Benção dos Carreiros - Poesia e Música

A Benção dos Carreiros

Pois a boiada no carro
Reuniu os companheiros
Antes de seguir viagem
Tenha a benção dos carreiros
Vai começar a jornada
Trindade e seu paradeiro
O divino pai eterno
Abençoa todos os romeiros.

Siga em frente romaria

Siga a viagem os romeiros
Uma multidão de a pé
De carroça e cavaleiro
Com amor e muita fé
Se ajunta com os carreiro
Pede benção do divino
O pai eterno verdadeiro

Vai boiada e vai o carro

Vai velhos jovens e crianças
Que o senhor nos abençoe
Seja feliz nas andanças
Pros carreiros não tem hora
Pros romeiros não tem distância
O carro leva a bagagem
Os carreiros levam a esperança

Vai o carro lentamente

Vai a boiada ruminando
O carro deixa saudade
Dos rastros que vai deixando
Durante a sua viagem
O carro segue cantando
O divino pai eterno
Os romeiros estão chegando

Ao pisar na terra santa

Vejo os romeiros sorrindo
Carreiros carros e bois
Vai chegando ao seu destino
Trindade está em festa
Leva a paz que estão pedindo
Na romaria dos carreios
Para louvar o divino


Fonte:
http://www.tudoin.com.br/portal/view_article.asp?id=178

José Mateus da Silvacontato@tudoin.com.br Funcionário da CentroalcoolEnsino Fundamental Incompleto
Sr. José Mateus teve uma vida árdua dedicada aos trabalhos agrícolas, mesmo desde cedo tendo seus dons para a cultura bastante aguçados.Defensor da natureza, escreve poesias e músicas que têm contato direto com a cultura da terra; artista da roça, que desenvolveu seus dotes em música e poesia. Já ganhou vários prêmios em eventos de cultura regional.

TOMAR DO GERU - Cinform municípios

TOMAR DO GERU (Cinform municípios)
Tomar do Geru, onde índios foram poderososCidade chamou-se Nova Távora e tem uma das mais antigas e belas igrejas de Sergipe
Já na divisa com a Bahia, o município de Tomar do Geru, a 131 quilômetros de Aracaju, tem uma história fantástica em termos de organização. Em Geru, onde existe uma das mais belas e antigas igrejas católicas de Sergipe, foi feita uma tentativa de colocar índios catequizados na administração municipal. Não fosse a invasão holandesa e a expulsão dos jesuítas, essa experiência poderia ter prosperado.
Essa história começa por volta de 1666, quando os padres jesuítas chegaram às terras que hoje são Tomar do Geru. Os religiosos encontraram no território um grupo de índios Kiriris, da rama vinda do sertão de Jacobina e do Rio São Francisco. Os jesuítas vinham da província de Minho, mais especialmente de uma cidade portuguesa chamada Tomar, sede dos religiosos templários.
Em 1692, a aldeia aparece num catálogo como Juru ou Geruaçu, que em tupi significa boca ou entrada, e que mais tarde viria a chamar-se Geru. Seus primeiros religiosos foram os padres Luiz Maniami, João de Barros, João Baptista, João Mateus de Falleto e o irmão Manuel de Sampaio. Este último era um estudante da língua dos Kiriris. Em 1695, o governo reconhece como aldeia aquela povoação nomeando um diretor.

FORÇA POLÍTICA DA FÉ

A força da catequese feita pelos jesuítas era tanta que dos 400 índios, apenas 20 eram considerados pagãos. Lá foi construída a primeira escola de Sergipe. A aldeia chegou a ter os nomes de Geru e Missão de Nossa Senhora do Socorro. Mas a dominação dos jesuítas não impediu que os índios reagissem às tentativas de invasão dos portugueses.
Alguns religiosos teriam lutado ao lado dos índios porque os portugueses queriam escravizar os nativos.
As lutas ganharam tanta repercussão que o rei teve que intervir. E num documento histórico, a Carta Régia de 22 de novembro de 1758 declarava livres todos os índios do território sergipano, ao mesmo tempo em que transformava a aldeia de Juru em Vila de Nova Távora. E mais. Índios catequizados assumiram cargos no serviço público na vila.
A idéia da história oficial era que os índios ‘almados’ pudessem ser confundidos com a população branca, numa tentativa de extinguir os antagonismos. O documento, por exemplo, estabeleceu a eleição pelo voto direto dos moradores. Nova Távora era a primeira vila de Sergipe a viver essa experiência. (Veja nesta página trechos da Carta Régia de 1758).

EXPULSÃO E REGRESSO

Com a invasão dos holandeses a Sergipe, em 1759, os jesuítas foram expulsos pelo bando do vice-rei dom Marcos de Noronha e a experiência de administração popular em Nova Távora fracassou. Nessa época vivia lá o padre baiano Domingos de Matos. Foi ele quem fez a procissão solene a 8 de setembro de 1731 em homenagem a Nossa Senhora do Socorro, data da festa da padroeira do município.
Com a expulsão dos jesuítas, índios foram mortos e os que sobreviveram, escravizados. Novas batalhas aconteceram. Em 1765, um bando comandado por Izidório Gomes invade Nova Távora, que já estava sendo chamada de Tomar do Geru. Tomar fazia referência à cidade dos jesuítas; e Geru, de Jeru do tupi. Izidório ainda encontrou na vila um juiz índio e um branco, e índios servindo na Câmara.
Em 19 de fevereiro de 1835, a Vila de Tomar do Geru, que pertencia à Freguesia de Campos do Rio Real, hoje Tobias Barreto, foi extinta. A sede do município foi transferida para a Vila de Itabaianinha, deixando Geru reduzida a um Distrito de Paz, apenas com o nome de Geru. Curiosamente só 118 anos depois, já em 25 de novembro de 1953, Geru é transformada em cidade - lei sancionada pelo então governador Arnaldo Garcez -, e recebe o nome histórico de Tomar do Geru.
Em 3 de outubro de 1954, foi realizada a primeira eleição do município, que tinha apenas 668 eleitores, sendo eleito Pedro Silva Costa, o primeiro prefeito, e cinco vereadores. O final do seu mandato de quatro anos foi tumultuado. Tropas do 28º BC tiveram que tomar o município para reestabelecer a ordem. Pedro Costa foi eleito pela segunda vez em 1962, assumiu em janeiro de 1963, e em junho de 1964 foi deposto por causa do Golpe Militar. Além dele, foram prefeitos de Tomar do Geru: Baldoíno Vitório de Souza, José Viana Medeiros, João Valames Oliveira, Ulisses Guimarães da Fonseca, Pedro Silva C. Filho e Gildeon Ferreira da Silva.

ÍNDIOS NO PODER
A seguir alguns trechos da Carta Régia de 22 de novembro de 1758, onde o rei de Portugal estabelece uma “administração popular em Geru:

“Por me ser presente que a Aldeia de Geru, intitulada Nossa Senhora do Socorro sita na Freguesia dos Campos, termo da Vila de Lagarto, Comarca da cidade de Sergipe d’El Rei, tem capacidade de vizinhos e cômodos preciso para o dito efeito, sou servido ordenar que passando logo a dita Aldeia a Vila, estabelecereis nela (dirige-se ao Governador-Geral da Bahia) com o nome de Nova Távora - elegendo a votos do povo um dos seus moradores para juiz dela, que será tutor dos órfãos, três vereadores ou dois no caso de não haver número e um procurador do Conselho todos mais hábeis do dito e ainda na suposição de não achardes nela quem saiba ler e escrever, sempre com eles serão eleitos os mesmos índios e para três anos futuros fareis eleição de semelhantes oficiais guardando em tudo a formalidade e igualmente elegeries a votos do povo um homem que haja de ser escrivão da comarca que ora também servirá de tabelião das notas e escrivão do judicial e dos órfãos o qual, no caso de não haver na Aldeia, nacional dentre os índios com a necessária inteligência e notícia de processar, poderá ser nomeado um português com as referidas qualidades e a ele se lhe encarregará a obrigação de ensinar a ler e escrever aos meninos da Vila bem entendido que a todo o tempo que houver índio com aptidão para servir este ofício ou português casado com índia com as qualidades necessárias, qualquer destes sujeitos preferirá na serventia do referido ofício àquele em quem não concorrem estas circunstâncias”.

Igreja tem mais de 300 anos e é um monumento nacional

Uma das mais belas e antigas igrejas de Sergipe é a de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira de Tomar do Geru. Ela é tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A igreja foi erguida em 1688, pelo padre Luiz Mamiani della Rovere. Na porta existe a inscrição MDCLXXXVIII.
Historiadores da arte afirmam que a igreja de Geru é a mais bela de todas as igrejas missionárias do século XVII fora da cidade da Bahia. O ouro e as figuras barrocas são marcantes.
Existe uma lenda de que quando Tomar do Geru ainda era aldeia e a cidade já estava sendo levada, apareceu a imagem de Nossa Senhora do Socorro dentro de um gravatá no meio da mata, onde hoje é a igreja.
A imagem foi encontrada pelos índios Kiriris e entregue aos padres jesuítas, que a levaram para onde estava sendo construída a cidade, as casas, a capela e o cemitério. Mas à noite, a imagem teimava em voltar para a mata onde foi encontrada. Na manhã seguinte, a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro era transportada. Foram várias vezes levando e ela voltando, até que os padres decidiram construir uma igreja e lá colocaram a imagem de onde nunca mais saiu.
Outra lenda conhecida no município é a do Boqueirão. Numa capela onde existia muito ouro. Após a expulsão dos religiosos que zelavam pela capela, as pessoas retiraram todo o ouro e o transportaram em carro de boi para a cidade de Itabaianinha, para doar a Nossa Senhora da Conceição. No meio da viagem, o carro de boi quebrou o eixo, levando os transportadores a desistirem da viagem e a enterrarem o ouro.

:: Carro de Boi: forte tradição na cidade ::

O município tem uma forte tradição religiosa. No período da Quaresma, acontece a Lamentação das Almas, uma penitência realizada somente por homens. Na Sexta-Feira da Paixão é realizada a procissão dos penitentes, onde os homens fazem auto-flagelação. Em agosto ou setembro acontece a Festa do Carro de Boi.

Tomar do Geru Hoje
Região - Sul de Sergipe
Distância de Aracaju - 131 km
População - Cerca de 15 mil
Atividades econômicas - Agricultura (laranja) e pedra. Tem forte tradição do carro de boi

Texto: Cristian GóesFotos e reproduções: Manoel FerreiraFonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, e ‘Conhecendo Tomar do Geru’, de Albany Mendonça, Maria Lúcia, Marlene dos Santos e Telma Alves. Colaboração da secretaria de Educação do Município.
FONTE:
*Apesar deste texto ter caráter jornalístico, nos traz elementos para se rediscutir a história deste município. Em breve, postaremos o texto da professora Beatriz Gois Dantas, sobre a formação da cidade de Tomar do Geru.

Crianças na transmissão da tradição do carro de bois!










Crianças aprendem e praticam a tradição de "chamador", que é uma das funções de quem leva o carro de bois, o chamador ficar na frente orientando o percurso e freiando o carro. Já o "carreiro", fica em cima na mesa do carro, guiando e estimulando os bois a andarem.







Grande participação de crianças na transmissão da tradição durante o desfile do carro de bois.




BERNARDINO, sergipano estudioso do carro de bois.

18/02/2004, 08:33
Artigo de Luiz A. Barreto
UM SERGIPANO DESCONHECIDO EM SERGIPE
A grandeza intelectual de Sergipe não pode ser medida apenas por uma ou duas dezenas de vultos ilustres, de biografias aplaudidas, que viveram na segunda metade do século XIX. Tobias Barreto, Silvio Romero, Fausto Cardoso, Gumercindo Bessa, João Ribeiro, Manoel Bonfim, Justiniano de Melo e Silva, Felisbelo Freire, Maximino Maciel, Laudelino Freire, Jackson de Figueiredo, Samuel de Oliveira, Bitencourt Sampaio, Gilberto Amado e seus irmãos, Aníbal Freire, Moreira Guimarães, Visconde de Maracaju, não estão sozinhos na galeria da cultura sergipana. Outros, e muitos outros autores tomaram o mesmo caminho da geração anterior e também colocaram seus nomes em destaque, mantendo a tradição que distingue a terra pela inteligência.
Bernardino José de Souza é um desses sergipanos que Sergipe não conhece, apesar dos seus méritos, tão valiosos quanto aqueles que modelaram o seu espírito. Nascido na Fazenda e Engenho Murta, de propriedade do seu pai, Otávio de Souza Leite então município de Vila Cristina, hoje Cristinápolis, em 1884, embora Armindo Guaraná registre a data de 8 de fevereiro de 1885, estudou na Bahia, a partir de 1896, inicialmente como interno no Colégio Carneiro Ribeiro, cursou a Faculdade Livre de Direito, bacharelando-se em 1904, pronunciando o Discurso como orador da turma. Foi professor secundário, de Geografia e de História, produzindo farto material que circulou nas escolas baianas e de outros Estados brasileiros, destacando-se Limites do Brasil (1911), Corografia do Piauí (1912, publicado em Parnaíba), Por Mares e terras (1913), A Ciência Geográfica (1913), O Município de Abadia (1922), A Bahia, conferência a respeito das condições geográficas da Bahia, pronunciada em Minas Gerais e em São Paulo (1928), além de outros. Na sua vasta e diversificada obra dois títulos ganharam relevo: O Dicionário da Terra e da Gente do Brasil, que apareceu pela primeira vez em 1910, sob o título de Nomenclatura Geográfica Peculiar do Brasil, reeditado em 1917, e que, 10 anos depois, em 1927, aparecia com o título de Onomástica Geral da Geografia Brasileira; e O Ciclo do Carro de Boi no Brasil, este póstumo, editado em 1958.
Bernardino José de Souza ingressou no magistério superior, na Faculdade de Direito, tornando-se um dos mais queridos e respeitados mestres, com brilhante carreira, assumindo a Direção da Faculdade e contribuindo para a construção do prédio próprio. Também liderou a campanha para a construção do edifício do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, onde exerceu a função de Secretário Perpétuo Foi, por algum tempo, Secretário de Estado, na Bahia, Deputado Estadual e, depois, integrou o Tribunal de Contas, como Ministro, em 1937, mudando-se para o Rio de Janeiro, onde morreu em 11 de janeiro de 1949.
A biografia de Bernardino José de Souza encerra uma experiência política, administrativa e intelectual que foi reconhecida pela crítica contemporânea e pela posteridade. Seus esforços como professor e como escritor, refletidos nas Memórias que apresentou nos Congressos de Geografia e de História, e nos livros que publicou dão a ele uma dimensão nacional, mesmo quando a temática esteja restrita a Bahia. O nome de Bernardino José de Souza elevou-se ao reconhecimento dos seus alunos da Faculdade de Direito, aos seus companheiros associados do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, como um modelo ainda hoje válido e a ser seguido.
Mesmo tendo deixado muito cedo a terra sergipana, aos 12 anos, Bernardino José de Souza conservou todas as lembranças do engenho Murta, e foi com essa memória que escreveu, lentamente, O Ciclo do Carro de Boi no Brasil, obra clássica, publicada como parte da comemoração dos 30 anos da fundação da Companha Editora Nacional, como o volume 15 da Coleção Brasiliana, grande formato. Sobre ele diz Anizio Teixeira:“A indomável energia de Bernardino de Souza conseguiu emoldurar um vasto painel, cheio de variantes no tempo e no espaço e transformá-lo em obra monumental de arte e de pensamento a um só tempo; inspiração para o artista e instrumento de trabalho para o cientista social.
“Os últimos anos de vida de Bernardino foram consumidos neste estudo germânico pela profundidade, e bem brasileiro nas claridades que projeta sobre aspectos da vida rural”.Para escrever o seu grande livro, Bernardino José de Souza recorreu a vários colaboradores, em diversos Estados, incluindo de Sergipe as seguintes pessoas: Antonio Leão Viana, de Aquidabã, Benjamim Alves de Carvalho, de Aracaju e da sua família, Émerson Batista de Souza, de Itabaianinha, Epifânio Dória, de Aracaju, Euclides Azevedo, de Estancia, Francisco Rosa, de Japaratuba, Gonçalo Rollemberg do Prado, de Maroim, Horácio Dantas de Gois, de Riachão, Joaquim Gomes de Almeida, de Porto da Folha, Joel Macieira Aguiar, de Capela, José Alves de Rezende, de Canhoba, José Barreto Souza, de Nossa Senhora das Dores, José Calasans, de Aracaju, José Joviniano dos Santos, de Tobias Barreto, José Melo de Menezes, de Cotinguiba (hoje Nossa Senhora do Socorro), José Sales de Campos, de Neópolis, Josias Passos, de Ribeirópolis, Manoel Emílio de Carvalho, de Lagarto, Manoel Messias da Rocha, de Campo do Brito, Marcos Ferreira de Jesus, de Simão Dias, Martinho Dias Guimarães, de Propriá, Miguel Leitão, de Darcilena, (hoje Cedro de São João), Nelson Resende de Albuquerque, de Gararu, Otacílio Vieira de Melo, de Rosário do Catete, Pedro Simões Freire, de Boquim, Tasso Garcez Sobral, de Riachuelo, Ulisses Alves de Oliveira, de Nossa Senhora da Glória, e Vilobaldo de Araújo Gois, de Indiaroba.
Com obra de tanta importância para o estudo do Brasil, como o Dicionário da Terra e da Gente do Brasil e o Ciclo do Carro de Bois no Brasil, Bernardino José de Souza deixou um nome entre os grandes de Sergipe, esquecido ou desconhecido dos seus conterrâneos, ou lembrado, algumas vezes, pela presença de sua filha, a poetisa e declamadora Seleneh de Medeiros, em recitais em Aracaju.
"Pesquise - Pesquisa de Sergipe / InfoNet"
Para ver a referência deste artigo ilustrado:

Grupo de Bacamarteiros de Aguada, Carmópolis -SE, convidados da XVIII Festa de Carro de Bois.
Vejam o vídeo na net:


Nome dos seis bois da foto acima:

Trate certo/ Se eu sabia
Brinco novo/ Flor do dia
Se eu sobesse/ Lhe dizia


(carreiro de Riachão do Dantas)


Carreiro e famíliares se preparam pro cortejo.



Macaxeira, e outros gêneros alimentícios e artesanais (cestos em palha) são colocados em alguns carros como adorno e demonstração da cultura.







Representantes do acampamento Dom Oscar Romero, MST -SE, presentes na festa. O assentamento está lutanto por trechos de terra no município de Tomar do Geru.




Mais de 130 carros de bois na Festa de Geru.


Índia em cima de um carro de bois, representando a descendência dos habitantes de Tomar do Geru.


Família inteireira é transportada no "desfile" de carro de bois.




Carro de bois, Tomar do Geru, 30 de setembro de 2007.



A igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira de Tomar do Geru, é tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A igreja foi erguida em 1688, pelo padre Luiz Mamiani della Rovere. Na porta existe a inscrição MDCLXXXVIII.
Historiadores da arte afirmam que a igreja de Geru é a mais bela de todas as igrejas missionárias do século XVII fora da cidade da Bahia. O ouro e as figuras barrocas são marcantes.





Placa de tombamento, localizada na parte interna da Igreja.








Existe uma lenda de que quando Tomar do Geru ainda era aldeia e a cidade já estava sendo levada, apareceu a imagem de Nossa Senhora do Socorro dentro de um gravatá no meio da mata, onde hoje é a igreja.
A imagem foi encontrada pelos índios
Kiriris e entregue aos padres jesuítas, que a levaram para onde estava sendo construída a cidade, as casas, a capela e o cemitério. Mas à noite, a imagem teimava em voltar para a mata onde foi encontrada. Na manhã seguinte, a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro era transportada. Foram várias vezes levando e ela voltando, até que os padres decidiram construir uma igreja e lá colocaram a imagem de onde nunca mais saiu.(Cinform municípios)










Altar.




Parte interna da Igreja de Nossa Senhora de Socorro. Registros históricos, como o estudo da professora Beatriz Gois Dantas (ver bibliografia). Mostra que a arquitetura e os elementos internos que compuseram a Igreja, foram modificados várias vezes devido aos processos de reformas.























Igreja de Nossa Senhora do Socorro, erguida em 1688.